“Mundo, mundo vasto mundo”, disse Carlos Drummond de Andrade.
Esta foto do Botelho Netto é de uma paz, leva o olhar para bem longe, e ao mesmo tempo dentro da gente. É muito difícil representar a dimensão real nas artes, onde a dimensão só pode ser bidimensional, inclusive na fotografia.
Aqui ela é apenas implícita, é uma ilusão.
Mas nesta foto a perspectiva predomina e abre como se fosse a função periférica do olho - o que a câmera deveria ser incapaz de produzir.
No entanto, usando o artifício da perspectiva para simular a dimensão, intensificada pela manipulação tonal, a ênfase de luz e sombra, claro e escuro, e com o enquadramento dos elementos em primeiro e segundo planos, é realmente incrível o que o artista consegue fazer!
É uma foto sóbria, mas contém quase todos os elementos de comunicação visual: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a textura, a dimensão, a escala e o movimento e principalmente a regra dos terços.
Faltou a cor? Será? Do ponto de vista monocromático, ainda vê-se os diferentes pretos e brancos, mesmo não sendo colorida.
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