domingo, 22 de junho de 2014

Acadêmicos homenageiam Ruth Guimarães com depoimentos

Hoje, 21 de junho de 2014, faz um mês da morte de Ruth Guimarães. Os amigos Acadêmicos em depoimento prestam homenagem a essa escritora que já encontra-se imortalizada por sua obra e contribuição cultural.

(Ada Pellegrini Grinover – Cadeira nº 9)
Só conheci pessoalmente Ruth Guimarães quando ingressou na Academia Paulista de Letras. Não tive o privilégio de privar de sua intimidade, como Gabriel Chalita. Mas admirava a postura sempre amável, embora reservada, da Autora de "Água funda" e de "Os filhos do medo". Sentirei muito a falta de sua presença.

(Anna Maria Martins – Cadeira nº 7 da APL)
A obra literária de Ruth Guimarães dignifica a cultura brasileira.
O percurso da escritora é abordado por críticos exigentes. Haja vista o professor Antonio Candido que fez o prefácio de "Agua Funda", seu primeiro livro.
Nós, seus leitores, acompanhamos com interesse a trama de seus textos, a linguagem fluente, o caipirês saboroso, sem exageros.
A folclorista debruça-se, entre outras obras, sobre Lendas e Fábulas do Brasil (Ed. Cultrix, 1972).
Dois anos mais tarde, publica O mundo caboclo, de Valdomiro Silveira.
A temática rural do companheiro de ofício move o interesse da intelectual.
Os dados biográficos de Ruth Guimarães informam sua valiosa trajetória e estudos, conhecimento, cultura profunda e extensa.
Termino este breve depoimento expressando a admiração pela escritora, o privilégio de ter convivido com a amiga e companheira da Academia Paulista de Letras.
Ruth Guimarães nos lega obra relevante e ocupa espaço de destaque em nosso panorama cultural.

(Antonio Penteado Mendonça – Cadeira nº 32)
Ruth Guimarães era doce. Poderia não ser, a vida pegou pesado, mas era. Doce e suave, como quem sabe que no final das contas o que vale mesmo é viver bem. Íntegra, corajosa, honesta. Além de tudo inteligente e dona de um senso de humor especial. Ruth foi uma intelectual com características relevantes que dão ao conjunto de sua obra forte consistência. Mas seu grande traço era a doçura. A forma como ouvia e como falava. Ruth foi uma lição de vida e uma boa amiga.

(Eros Roberto Grau – Cadeira nº 11)
A Ruth era um anjo de ternura. "Suas mãos de escritora traziam flores, alegrias e indicavam os caminhos do bem e da felicidade"

(Fábio Lucas – Cadeira nº 27)
Ruth Guimarães projetou-se, desde cedo, como personalidade ímpar na Literatura brasileira. Pesquisadora do Folclore desvendou organizadamente um dos pilares da formação da nacionalidade, até então ofuscada pelo preconceito. Ficcionista, levou à criação o cerne de nossa origem. Pedagoga ofertou às crianças os encantos e a massa crítica do mundo maravilhoso. Ciência e Arte, nas suas Letras, viraram entretenimento, descoberta e visão humanitária. Merece ser lida e reverenciada, a poeta e prosadora. Foge do intelectualismo exibicionista, ativa a memória coletiva e louva a luta emancipacionista da mulher.

(Dom Fernando Antônio Figueiredo – Cadeira Nº 32)
Nossa estimada e querida Ruth Guimarães alcança a feliz e misericordiosa eternidade de Deus. Com carinho, recordamos a sua presença entre nós, trajando as vestes da simplicidade e da bondade. Seu testemunho sobre a cultura popular, sinal indelével de sua sabedoria e inteligência, não deixará de nos inspirar e nos conduzir na consolidação de uma cultura solidária e aberta ao diálogo. Por meio de sua humanidade se avizinhou da divina luz, por meio da morte foi chamada a um novo nascimento, por sua serenidade continua para sempre presente em nossos corações.

(José Pastore – Cadeira nº 29)
Nossa querida Ruth nos deixa desamparados. Sua voz sobre a cultura popular do Brasil sempre foi ouvida com atenção e respeito. Afinal, era a maior autoridade nesse assunto. A sua doçura sempre foi apreciada por todos nós da Academia, pois era o carinho em pessoa. Ruth Guimarães se foi, mas deixou tudo isso em nossa lembrança. Seremos sempre gratos à sua inteligência, à sua competência e à sua amizade.

(José Renato Nalini – Cadeira nº 4)
RUTH GUIMARÃES foi uma presença etérea nas letras brasileiras. Genuína, autêntica, de raízes essencialmente brasílicas, encantava todas as idades com a sofisticada sutileza de uma prosa sedutora. Só o tempo fará justiça à sua dimensão como folclorista, ensaísta, contista e mestra da real sapiência de vida.

(Jorge Caldeira – Cadeira nº 18)
Além da pessoa excepcional, perdemos eventualmente um dos últimos elos com nossa ancestral memória oral. Guardarei dela as melhores lembranças, na forma de grandes histórias.

(Luiz Carlos Lisboa – Cadeira nº 6)
A casa de minha avó era em Taubaté, como fora a fazenda do meu avô que não cheguei a conhecer. Durante toda minha infância ia passar as férias ali. Assim, minha mitologia particular foi povoada da fala, dos costumes, das histórias e do povo bom do Vale do Paraíba. Quando li pela primeira vez Àgua Funda, de Ruth Guimarães, voltei àquele tempo que havia preservado na memória como um museu sagrado. Esse era poder de Ruth: falar do caipira e do Homem Eterno ao mesmo tempo. Na sua posse na Academia Paulista de Letras, enquanto ela era saudada e depois agradecia, minha cabeça estava na Taubaté da minha infância. Nunca pude agradecer bastante a Ruth por isso, ela que para nós partiu tão cedo.

(Mafra Carbonieri – Cadeira 26)
Só vim a conhecer pessoalmente Ruth Guimarães aqui na Academia. Como todos eu me encantava com a sua presença serena, seus óculos pareciam críticos, mas seus olhos eliminavam todas as asperezas do mundo. O primeiro texto que li de Ruth, quando eu era jovem, foi uma versão do francês da obra de Dostoievski, Diário de Um Escritor. Admirável o âmbito de interesses de nossa querida colega, desde que explorou, como Valdomiro Silveira, um tipo de linguagem regional. Deixará saudade. Mais do que esse sentimento, deixará um exemplo a ser recordado com respeito.

(Paulo Bomfim – Cadeira nº 35)
Ruth partiu ficando para sempre em nossos corações.
Sete décadas de amizade unem nossos caminhos.
"Antônio Triste" e "Agua Funda" nasceram juntos selando admiração e unindo sonhos.
Que as águas do Paraíba abençoem essa saudade.

(Paulo Nathanael – Cadeira nº 12)
A notícia da morte da Ruth foi um vendaval de tristeza que envolveu todos os seus amigos e abriu entre eles uma clareira que dificilmente um dia será preenchida. Tinha o nome de minha mãe e sentava-se ao meu lado, naquelas tardes de 5ª feira, na Academia Paulista de Letras, à mesa do lanche e do café. Sempre tranquila e com aquele sorriso dos que andam de bem com a vida, porque é a longa experiência de existir inteligentemente – tinha 94 anos – que faz os sábios, os santos e os bons. Lembra-me de quando morreu o confrade Odilon Nogueira de Matos, abrindo assim a vaga da cadeira 22 da Academia. Inscrevi-me à instância de amigos com assento naquela Casa e reunia condições de ser eleito. Eis que já na proximidade das eleições, soube que a Ruth também se inscrevera: amigo seu e leitor de todas as suas obras, conhecendo-a, como conheci, como Jornalista, romancista, autora de livros infantis e, principalmente, uma antropóloga que cultivou o folclore paulista e Valparaibano nas suas manifestações literárias, musicais, figureiras, poéticas, teatrais e, principalmente, documentais e testemunhais de uma cultura popular rica e imperdível, desisti de concorrer com ela e enviei ofício ao Presidente da Academia, retirando-me do pleito e augurando sucesso a essa inigualável personalidade, que, mais do que eu, merecia ter assento naquele seleto cenáculo. Foi eleita com muita justiça. Quanto a mim, tive nova oportunidade no ano seguinte e acabei eleito com sobra de votos, inclusive o seu.
Estará no céu, certamente, a encantar os anjos com seu imenso saber, sua simpatia e seu talento na criação poética, sempre atenta, como o fez em vida, para não trair sua simplicidade e nem a humildade, que sempre a distinguiu.

(Paulo Nogueira Neto – Cadeira nº 10)
A Acadêmica Ruth Guimarães era uma pessoa muito modesta e amiga, representando a cultura literária de algumas populações paulistas. Nunca ouvi dela qualquer critica agressiva. Era sempre amiga e cordial. Seu falecimento nos deixa triste.

(Raul Cutait – Cadeira 30)
Quando entrei para a Academia, a Ruth já a frequentava menos. Contudo, o que mais me impressionava era sua maneira suave de se relacionar. Só a via mais incisiva quando discutia os temas que a agradavam, em especial os relacionados com sua área de publicação.
Sua perda, mais uma vez, traz a dimensão de que a morte temporal é nossa parceira de vida; por sua vez, sua obra e sua figura confirmam que a viagem para a outra vida não nos elimina deste mundo.

(Renata Pallottini – Cadeira nº 20)
"Ruth Guimarães foi uma personalidade única, que uniu talento e capacidade de luta. Discreta, sem arroubos, fez o que só fazem os grandes escritores: afirmar-se, saindo do silêncio para a permanência eterna."

















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