segunda-feira, 26 de maio de 2014

Unanimidade entre "os bons"

A escritora Ruth Guimarães. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress/26jan2011
A escritora Ruth Guimarães. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress/26jan2011

Academia Paulista de Letras agenda sessão especial para homenagear a escritora Ruth Guimarães

Filipe Manoukian
Editor do Viver &

“Ruth: há 62 anos esta casa é devedora de você. A partir do lançamento de ‘Água Funda’, seu livro inaugural, a Academia Paulista de Letras é porto, aguardando sua chegada. Com os juros de nosso afeto e de nossa admiração e rodeada pela lembrança de seus amigos Mario de Andrade, Guimarães Rosa, Cid Franco e Amadeu de Queiroz e com a presença de seu prefaciador Antonio Candido e de seu discípulo Gabriel Chalita, seja bem vinda ao convívio de seus irmãos, Ruth Guimarães, menina grisalha de Cachoeira Paulista.”
Estas foram as palavras usadas por Paulo Lébeis Bomfim, titular da cadeira 35 da Academia Paulista de Letras, para saudar a então nova integrante, em setembro de 2008, que tomava posse do assento 38.
“Ela era fascinante, dona de uma simplicidade sem igual. Menina sofrida, provida de uma inteligência ímpar e um estilo (de escrita) maravilhoso. Ela vai fazer muita falta para a cultura nacional”, afirmou ontem a O VALE o escritor Paulo Bonfim. 
Ruth Guimarães, a “fada da literatura, irmã e parenta”, parafraseando Guimarães Rosa, morta anteontem aos 93 anos vítima de uma parada cardíaca, será homenageada pela Academia Paulista de Letras no próximo dia 29, em uma sessão especial.
“Ela deixa muitos amigos. Ela merece esse carinho. Não é preciso discutir esse talento. Basta saber que ela foi prefaciada por Antonio Candido”, afirmou Paulo.

História. Foi em 1946, com o lançamento de “Água Funda”, primeiro livro de Ruth, de uma lista de 52, que o crítico literário Antonio Candido, considerado o maior entre seus pares, a classificou como uma das grandes da literatura nacional.
Ruth Guimarães era, nas palavras de Antonio Candido, servida “por uma expressão clara e elegante, própria dos bons escritores”. “A fluência da narrativa, a felicidade dos achados estilísticos e a densidade humana do todo fazem da leitura de ‘Água Funda’ uma experiência válida e um grande prazer”, afirmou ele.
Aluna e discípula de Mário de Andrade, que a iniciou nos estudos de folclore e literatura popular, Ruth, que nasceu, cresceu e morreu em Cachoeira Paulista, publicou seus primeiros versos nos jornais locais “A Região” e “A Notícia”. De abril de 2010 a fevereiro de 2013, ela manteve uma coluna semanal em O VALE.
Da infância à morte, Paulo Bomfim descreveu, lá em sua saudação em 2008, um guia da vida e obra de dona Ruth, como ela era chamada.
“Com Ruth conheci ‘Mulheres Célebres’, pedi a bênção das ‘Mães nas Lendas e na História’, convivi com ‘Líderes Religiosos’, percorri ‘Lendas e Fábulas do Brasil’, deslindei ‘Grandes Enigmas da História’, tratei-me com ‘Medicinas Mágicas’, deliciei-me com ‘Crônicas Valeparaibanas’ e ‘Contos da Cidadezinha de Lorena’, iluminei-me com ‘Os Castiçais de Santo Antonio’ e descobri que minha amiga há tantas luas é um ‘Caleidoscópio’ de temas e imagens que não se repetem”, narrou o escritor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário