José
Botelho Netto: esse nome pode até mesmo não representar uma personalidade
conhecida do grande público do Vale do Paraíba. Afinal, não é todo artista,
principalmente o que lida com fotografia, que tem os seus méritos reconhecidos
publicamente. Mas ele, por trás do seu jeitão simples, afável e comunicativo, é
um artista reconhecido e respeitado em Lorena, onde se apresentou na I Fateart,
uma mostra de artesanato, pintura e fotografia realizada recentemente em
Lorena, como parte das comemorações dos 193 anos de elevação da cidade à
condição de Vila.
Botelho
Netto é, antes de tudo, um artista. Um artista que estuda e é apaixonado por
aquilo que faz: fotografias.
Retratando
gente, tipos curiosos e o Vale do Paraíba, o artista vai, aos poucos, galgando
os degraus, difíceis de subir, como convém a quem vai continuar expondo seus
trabalhos, da fama. Uma fama merecida, aliás. E é o próprio Botelho Netto quem
faz sua “autofotografia”:
Um
motivo, entre tantos, pelo qual agradeço a Deus profundamente é que não foram
as circunstâncias que me fizeram o que sou.
Quando
moço, a fotografia era o meu “hobby”. Observava, aprendia, procurava.
Trabalhei
de free-lancer para revistas e jornais, com fotografias do meu gosto. Acabei deixando uma profissão pública federal
em que militava e fui, de livre escolha, para a fotografia. E aí está. Eu não
estou fotógrafo. Eu sou fotógrafo.
Minha
exposição é em branco e preto, por que prefiro o branco e preto para as fotos
não profissionais. O colorido ainda não está muito desenvolvido tecnicamente.
Depende-se
de mão-de-obra de fora. Não podemos fazer arranjos que gostaríamos de fazer, e
ainda é muito artificial. Tem uma certa teatralidade em detrimento da vida.
As
Faculdades Tereza D’Ávila me dão condições de trabalho magníficas para a
realização do que tenho em mente, no sentido de aprofundamento de minha arte. Eu
não trocaria essas condições por um salário mais alto, nem por uma divulgação
maior.
Aprendi
fotografar com profissionais. O retoque, por exemplo, me foi ensinado por
fotógrafos de Aparecida que são mestres na improvisação. Ao longo da minha
vida, fiz inúmeros cursos intensivos. Fiz o de Letras com Língua Nacional na
Faculdade Salesiana. Esse curso, aliás, me possibilitou o entendimento de outro
veículo importantíssimo que é a literatura. Como costumo fazer transposição,
vejo que minhas fotografias tem muito de literário.
Fiz
ainda um curso de composição na Universidade de São Paulo que me ajudou
imensamente. Agora, como conheço técnica, estou procurando inovar, quebrando um
pouco das regras. Diz o artista.
Valeparaibano,
14 de novembro de 1981.
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