terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Botelho Netto, um artista fala de sua arte: a fotografia

José Botelho Netto: esse nome pode até mesmo não representar uma personalidade conhecida do grande público do Vale do Paraíba. Afinal, não é todo artista, principalmente o que lida com fotografia, que tem os seus méritos reconhecidos publicamente. Mas ele, por trás do seu jeitão simples, afável e comunicativo, é um artista reconhecido e respeitado em Lorena, onde se apresentou na I Fateart, uma mostra de artesanato, pintura e fotografia realizada recentemente em Lorena, como parte das comemorações dos 193 anos de elevação da cidade à condição de Vila.
Botelho Netto é, antes de tudo, um artista. Um artista que estuda e é apaixonado por aquilo que faz: fotografias.
Retratando gente, tipos curiosos e o Vale do Paraíba, o artista vai, aos poucos, galgando os degraus, difíceis de subir, como convém a quem vai continuar expondo seus trabalhos, da fama. Uma fama merecida, aliás. E é o próprio Botelho Netto quem faz sua “autofotografia”:
Um motivo, entre tantos, pelo qual agradeço a Deus profundamente é que não foram as circunstâncias que me fizeram o que sou.
Quando moço, a fotografia era o meu “hobby”. Observava, aprendia, procurava.
Trabalhei de free-lancer para revistas e jornais, com fotografias do meu gosto.  Acabei deixando uma profissão pública federal em que militava e fui, de livre escolha, para a fotografia. E aí está. Eu não estou fotógrafo. Eu sou fotógrafo.
Minha exposição é em branco e preto, por que prefiro o branco e preto para as fotos não profissionais. O colorido ainda não está muito desenvolvido tecnicamente.
Depende-se de mão-de-obra de fora. Não podemos fazer arranjos que gostaríamos de fazer, e ainda é muito artificial. Tem uma certa teatralidade em detrimento da vida.
As Faculdades Tereza D’Ávila me dão condições de trabalho magníficas para a realização do que tenho em mente, no sentido de aprofundamento de minha arte. Eu não trocaria essas condições por um salário mais alto, nem por uma divulgação maior.
Aprendi fotografar com profissionais. O retoque, por exemplo, me foi ensinado por fotógrafos de Aparecida que são mestres na improvisação. Ao longo da minha vida, fiz inúmeros cursos intensivos. Fiz o de Letras com Língua Nacional na Faculdade Salesiana. Esse curso, aliás, me possibilitou o entendimento de outro veículo importantíssimo que é a literatura. Como costumo fazer transposição, vejo que minhas fotografias tem muito de literário.
Fiz ainda um curso de composição na Universidade de São Paulo que me ajudou imensamente. Agora, como conheço técnica, estou procurando inovar, quebrando um pouco das regras. Diz o artista.


Valeparaibano, 14 de novembro de 1981. 

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