Piquerobi,
24 de fevereiro de 1955.
Prezada
confrade:
Teu
artigo “Essa Questão do Ensino” é maravilhoso. Todo um assunto social está ali
contido. Com grande acerto e fielmente.
Admira-me
que o Dr. Vicente de Paulo Melillo, bom católico, zeloso chefe de família,
culto e conhecedor dos principais problemas sociais deste Brasil, tenha enviado
aquele ofício ao governador Garcez.
Terá
ele virado “carola”? ou as velhas “carcomidas”, solteironas e arrependidas de
haver deixado escapar um casamento modesto à procura do rico, aproveitem do Dr.
Melillo para lançar contra a juventude desta era atômica, toda vilania de suas
faltas passadas? ! E essas mães que também apoiaram a ideia nefanda de condenar
uma das melhores obras sociais “Sobrados e Mocambos” que possue o meio
intelectual deste país, não sentir-se-ão envergonhadas de servirem-se do Dr.
Melillo de escudo às suas iras?! Não refletiram elas nos seus estados de
maternidade?! Ou aliam-se às primeiras e nutrem rancores contra a mocidade
atual?! Assim, quer me parecer que há algo de errado nessa história ou um que
de política contra o professor Ito Brandão, quem sabe?!
Continue
com teus artigos a esclarecer a população, mormente a estudantil, sobre esses falsos
“puritanos” e teu esforço será recompensado pelas palavras amigas – em pequena
escala é certo – que receberas e nestas há de juntar-se uma legião de
estudantes.
Como
tu também és ecritora, aconselho-te que escrevas uma obra sobre esse tema e por
meio de artigos narres alguma cousa sobre a fabulosa Penha de França...
Limitando
ao exposto, é com elevada estima e apreço que subscrevo-me, mui atenciosamente
O
confrade
Alberto
Luiz Cardoso
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