Cachoeira
Paulista, “1ª Segunda Feira” de Agosto de 1967.
Ruth
Sua
assinatura, na coluna que lhe pertence, em “A Folha de São Paulo”, desperta
interesse que se generaliza por aí afora, principalmente, entre seus
conterrâneos.
Todos
consideram sua capacidade de observar e captar e na retransmissão você envolve
literatura, filosofia, história, folclore e ágora descamba para um novo setor –
a feitiçaria.
Quando
da publicação de seu livro – “Água Funda” – um deputado amigo disse-me: esta
Ruth é senhora de um estilo novo.
Raquel
de Queiroz, há tempo, n “O Cruzeiro”, citou seu nome como escritora de altos
méritos.
Se
me não falha a memória, quando Ungaretti esteve em São Paulo, da outra vez,
você o entrevistou. A seguir, tivemos de sua lavra “Os Filhos do Medo”. Em “Mulheres
Célebres” você traça o perfil de Penélope, a fiel esposa de Ulisses, com
maestria invulgar.
Alfonse
Daudet, na sua tradução, se incorpora a linhagem de Maupassant, Wild e Eça,
empalmadores do conto universal.
No
Suplemento Literário de “O Estado” na “Folha” no “O Cruzeiro” na “Manchete”,
você sempre rutilando, como audaz peregrina das letras – vale dizer – da estética
e da beleza.
Agora,
sua velha tendência – ser feiticeira.
Eu
gostei, porque, também, não estou fora dessa faixa.
“Qudo
natura dat, Nemo negare potest” (esse latim é do livro de Artur Rezende).
A
feiticeira, a que você se referiu, pode ser autóctone na África, mas é
realmente brasileira: é o feitiço, “a coisa feita”, a mandinga, a pemba, a
quiamba, o picuman, a unha de gavião (unharigaviô), o pica-pau chan-chan,m a
cobra “corá”, a fruita da samambaia, São Cipriano, São Benedito.
Nada
de macumba estilizada, com Madruga, Josefina Baker, Exú, o “pererê” a “capora”,
o fumo “pixuá”, o “Pedro Botelho” (cuidado com o nome).
Os
paradoxos existem e os extremos se chocam.
É
de se imaginar a Ruth (minha ex-aluna) professora de ginásio, escritora,
participante de coquetéis – desejar agora montar uma tenda num fundo de grota,
casa de sapé, oratório enfeitado – quebrar a pena, empunhar um ramo de losna,
ou de alecrim cheiroso, benzer os enfermos, fazer “meisinha”, invocar São
Cipriano, arranjar casamento, preparar um “despacho” com um galo preto depenado
e a defumar com guiné ou ramo de arruda as senhoras que esperam “délivrance”...
Estas
cousas, “não se aprende Senhor na fantasia – sonhando, imaginando ou estudando,
senão vendo, tratando e pelejando”.
Seu
sempre amigo e admirador
Agostinho
Ramos
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