Ruth Guimarães
A universidade reúne as elites intelectuais do Brasil e constitui o vértice de uma pirâmide que se estreita perigosamente a partir de uma base que a democratização do ensino e uma política educacional quantitativa alargaram inesperadamente. Na representação plástica e estatística, conseguiremos um poliedro de maneira desproporcionado que a pirâmide apresentará o seu cume muito mais próximo da base, e o resultado geral é um achatamento.
À Universidade cabe reconstruir o Brasil, mas terá em primeiro lugar que reconstruir a si mesma.
No entanto não se pode começar um edifício pela cúpula, a não ser milagrosamente, e não me parece que o governo seja exercido por taumaturgos.
Ou talvez se pudesse inverter a pirâmide, primeiro a Universidade, frequentada por analfabetos, e depois o resto. O que não destoaria de certas providências tomadas já há algum tempo, e continuamente retomadas, de aprovar os inaprováveis, aproveitar os inaproveitáveis, e quanto ao Ensino Básico... isto existe?
Da maneira como somos levados a um contínuo rebaixamento de níveis, a missão da Universidade, se é que se pode chamar a isso de missão, é formar uma grande quantidade de profissionais medíocres, frustrados, com ambições rasteiras?
Então é a falência total?
Mas claro que não. Somos um povo inteligente. De boa índole. Amamos o trabalho. Levamos a escola a sério. Vamos esperar, digamos uns quinhentos anos mais, para amadurecermos, e o Milagre Brasileiro, tão impacientemente aguardado, acontecerá.
(Já temos algumas brilhantes exceções individuais)
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