segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ruth Guimarães: Bio-Bibliografia

José Luiz Pasin

 Ruth Guimarães Botelho nasceu em Cachoeira Paulista, no dia 13 de junho de 1920, em sítio de seu avô materno, o português José Botelho, guarda-chaves da Estrada de Ferro Central do Brasil, na rua do Aterro, atual Carlos Pinto, situado entre as barrancas do rio Paraíba e os trilhos da estrada de ferro. Filha de Cristino Guimarães e de Maria Botelho. Aos três anos de idade foi morar em uma fazenda no sul de Minas Gerais – a fazenda Campestre, na localidade de Pedra Branca, atual município de Delfim Moreira, ao pé da serra de São João. Fez o curso primário no Grupo Escolar Dr Evangelista Rodrigues, em Cachoeira Paulista e o magistério na escola Normal Patrocínio São José, em Lorena. Mudando-se para São Paulo, freqüentou a Escola Normal Padre Anchieta e concluiu seus estudos na Escola Normal de Guaratinguetá. Aos dez anos de idade, residindo com os avós maternos, em Cachoeira Paulista, publicou seus primeiros versos nos jornais locais “A Região” e “A Notícia”. Retornando a São Paulo, em 1938, ingressou no curso de Letras Clássicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde foi aluna de Silveira Bueno, Antonio Soares Amora, Fidelino de Figueiredo, Roger Bastilde e outros mestres de renome internacional. Freqüentou a Escola de Arte Dramática, de Alfredo Mesquita. Foi aluna e discípula de Mário de Andrade, que a iniciou nos estudos de folclore e literatura popular. Trabalhou para diversas editoras como revisora e tradutora e escreveu crônicas, artigos e crítica literária para jornais e revistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa: Correio Paulistano, A Gazeta, Diário de São Paulo, Folha da Manhã, publicando contos no Suplemento Literário do jornal “O Estado de São Paulo” e crônicas semanais para o jornal “Folha de São Paulo”. Repórter das revistas Noite Ilustrada, Carioca, Globo, Semana Ilustrada, Senhora, Quatro Rodas, Realidade, Atualidades Literárias e Revista Lusitana (Portugal). Em 1946, lançou pela Editora da Livraria Globo seu primeiro livro Água Funda, romance que retrata o universo rural e caipira do Vale do Paraíba paulista e mineiro, nas vertentes da serra da Mantiqueira, sucesso de público e crítica.
 
Ruth e José Luiz em sua fazenda. Roseira-SP.

Seu segundo livro Filhos do Medo, ampla pesquisa folclórica sobre o diabo e todas as manifestações demoníacas no imaginário do homem valeparaibano, valeu-lhe um verbete na “Enciclopédia Française de la Plêiade” sendo Ruth Guimarães a única escritora latino-americana a receber esta distinção. Lecionou em colégios e faculdades: francês na Aliança Francesa de São Paulo, grego na Universidade de Taubaté, Folclore na Faculdade de Música Santa Cecília de Pindamonhangaba, Psicologia da Arte e Literatura Latina nas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila em Lorena, Literatura Brasileira e Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cruzeiro. Há trinta anos vem pesquisando as ervas e raízes medicinais, preparando uma enciclopédia em doze volumes sobre medicina natural, a ser lançada pela Edart Editora. Fundou a Academia Cachoeirense de Letras, o Museu de Folclore Valdomiro Silveira e a Guarda Mirim de Cachoeira Paulista. Participou ativamente do 1º congresso Brasileiro de Folclore, da Sociedade Paulista de Escritores, do Centro de Pesquisas Folclóricas “Mário de Andrade”, da Comissão Estadual de Folclore, dos Festivais de Folclore de Olímpia, sendo membro do Instituto de Estudos Valeparaibanos e da União Brasileira de Escritores. Em 1989, recebeu do Instituto de Estudos Valeparaibanos, o Prêmio Cultural “Eugenia Sereno”. Além de mais de quarenta livros publicados, incluindo, biografias, antologias e traduções do latim, do espanhol, do francês e do italiano, Ruth Guimarães participou da montagem da peça “Romaria”, dirigida por Miroel Silveira, com músicas de Almir Sater e Renato Teixeira. O Grupo de Teatro do SESC de São Paulo encenou a peça de sua autoria “A Pensão de Dona Branca”. Reside atualmente em Cachoeira Paulista, no sítio herdado de seu avô materno, onde cuida das suas plantas, cachorros, galinhas e paios, pesquisa e escreve seus livros, contos e crônicas, recebe os amigos, alunos e admiradores para a prosa gostosa e hospitaleira. Terminou a mais completa pesquisa sobre Pedro Malazartes, o herói mitológico popular e está escrevendo um novo romance intitulado O Livro da Bruxa. Casada com seu primo, o fotografo e jornalista José Botelho Netto, amigo e companheiro de jornadas e pesquisas, tiveram nove filhos: Marta, Rubem, Antonio Jose, Joaquim Maria, Judá, Marcos, Rovana, Olavo e Júnia: poetas, jornalistas, professores. Segundo seu filho Joaquim Maria: 

“Ruth Guimarães vive dizendo que quer arranjar tempo para se dedicar à bruxaria... Ruth vive sem tempo, mas já é uma bruxa – a bruxa boa que o folclore valeparaibano representa nas suas histórias como a simpática velhinha que ensina o caminho às perdidas, que destrói com artimanhas geniais os monstros para deixar passar os príncipes que vão, por sua vez, salvar as princesas transformadas em rãs e as donzelas amaldiçoadas pelas feiticeiras malvadas. É assim que a Ruth quer continuar vivendo neste Vale do Paraíba que ela conta e reconta nos seus escritos deliciosos, pesquisados com o carinho de quem garimpa brilhantes. Na sua calma de cachoeirense, Ruth vem abrindo a alma, há 92 anos, para ser o relicário vivo das informações e da cultura valeparaibanas...” 

BIBLIOGRAFIA 
LIVROS 

- Água Funda. Porto Alegre, Edição da Livraria do Globo, 1946; 
- Os Filhos do Medo. Porto Alegre, Editora Globo, 1950; 
- Mulheres Célebres. São Paulo, Editora Cultrix, 1960; 
- As Mães na Lenda e na História. São Paulo, Editora Cultrix, 1960; 
- Líderes Religiosos. São Paulo, Editora Cultrix, 1961; 
- Lendas e Fábulas do Brasil. São Paulo, Editora Cultrix, 1972; 
- Dicionário da Mitologia Grega. São Paulo, Editora Cultrix, 1972; 
- O Mundo Caboclo de Valdomiro Silveira. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora/Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo do Estado de São Paulo/Instituto Nacional do Livro, 1974; 
- Grandes Enigmas da História. São Paulo, Editora Cultrix, 1975; 
- Medicina Mágica: As simpatias. São Paulo, Global Editora, 1986; 
- Lendas e Fábulas do Brasil. São Paulo, Círculo do Livro, 1989; 
- Crônicas Valeparaibanas. São Paulo, Centro Educacional Objetivo/Fundação Nacional do Tropeirismo, 1992; 
- Contos de Cidadezinha. Lorena, Centro Cultural “Teresa D’Ávila”, 1996; 
- Vestuário. São Paulo, Donato Editora Ltda., Volume III, s.d.; 
- “Esta é a segunda carta que lhe escrevo” in “Cartas a Mário de Andrade”. Organização Fábio Lucas, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1993; 
- Os Castiçais de Santo Antonio. Sem identificação bibliográfica; 
- História do Vale do Sol. Idem; 
- Água Funda. 2ª edição, com prefácio de Antonio Cândido, São Paulo, Editora Nova Fronteira, 2004; 
- Calidoscópio – A Saga de Pedro Malazarte. São José dos Campos, JAC Editora, 2006. 

TEATRO 

- A Pensão de Dona Branca 
- Romaria 

TRADUÇÕES 

- Histórias Fascinantes, de Honoré de Balzac: seleção, tradução e prefácio – São Paulo, Editora Cultrix, 1960; 
- Os Mais Brilhantes Contos de Dostoievski, de Feodor Mikhailovitch: introdução, seleção e tradução. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1966; 
- Contos de Dostoievski: introdução, seleção e tradução. São Paulo, Editora Cultrix, 1985; 
- Contos de Alphonse Daudet: seleção e prefácio. Tradução: Ruth Guimarães e Rolando Roque da Silva. São Paulo, Editora Cultrix, 1986; 
- Contos de Balzac: seleção, tradução e prefácio. São Paulo, Editora Cultrix, 1986; 
- Os Melhores Contos de Alphonse Daudet: seleção e prefácio. Tradução: Ruth Guimarães e Rolando Roque da Silva. São Paulo, Círculo do Livro, 1987; 
- Os Melhores Contos de F. Dostoievski: tradução, seleção e introdução. São Paulo, Círculo do Livro, 1987; 
- Os Melhores Contos de Balzac: seleção, tradução e prefácio. São Paulo, Círculo do Livro, 1988; 
- A Mulher Abandonada e outros contos de Balzac: seleção, tradução e prefácio. Rio de Janeiro, Ediouro, 1992; 
- Histórias Dramáticas, de F. Dostoievski: seleção tradução e prefácio sem identificação bibliográfica; 
- O Asno de Ouro, de Apuleio. Edições Ouro, s.d.; 
- A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, idem; 
- A Corrente, de Claras Cartas, do italiano. São Paulo, Editora Saraiva, s.d. 

Bibliografia Consultada 

- BARBOSA, Avelino Alves. “A vida e a obra da escritora Ruth Guimarães”, in Jornal “Valeparaibano”, São José dos Campos, 13.06.1982; 
- BOTELHO, Joaquim Maria Guimarães. “Mestre por Vocação”, in Revista “Momento”, São José dos Campos, julho/1985, p. 33; 
- ___________. “O Vale do Paraíba em forma de pepitas”, in “Crônicas Valeparaibanas”: Ruth Guimarães, São Paulo, Centro Educacional Objetivo/Fundação Nacional do Tropeirismo, 1992, pp. 12-13; 
- ___________. “Flashes da vida e obra da escritora Ruth Guimarães”, Jornal “Valeparaibano”, São José dos Campos, 19.10.1982, p.12; 
- GUIMARÃES, Ruth. Água Funda. Porto Alegre, edição da Livraria do Globo, 1946; 
- __________. “Esta é a segunda carta que lhe escrevo”, in “Cartas a Mário de Andrade”. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1993, pp. 59-64. Organização Fábio Lucas; 
- PASIN, José Luiz[1]. “Panorama da Literatura”. Lorena, Faculdades Integradas “Teresa D’Ávila”, 1995; 
- SODRÉ, Nelson Werneck. “O Velho Vale”, in Jornal “Correio Paulistano”. São Paulo, 08jan1952. 

ARQUIVOS 

- Arquivo “Memória de Guaratinguetá”. Museu “Frei Galvão”, Guaratinguetá/SP; 
- Arquivo do Instituto de Estudos Valeparaibanos. Guaratinguetá/SP. 

BIBLIOTECAS 

- Biblioteca de Assuntos Valeparaibanos. Lorena/SP 
- Biblioteca Conde de Moreira Lima. Lorena/SP 
- Biblioteca Mário de Andrade. São Paulo/SP 
- Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro/RJ 

[1] O autor foi professor de Literatura Regional nas Faculdades Integradas “Teresa D’Ávila” na cidade de Lorena/SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário