quinta-feira, 25 de abril de 2013

O Três Lendário – parte 2

Ruth Guimarães 

Eis que numa época muito parecida com a de hoje, de pouco respeito e de nenhuma esperança, o mundo que oscilava se escorou nas velhas filosofias. Muito sofre a humanidade e muito busca o acerto e para não mais sofrer. O mundo se volta para as velhas práticas. Vejam o que acode a essa vulnerável massa de sofrer. A primeira religião bramânica está fundada sobre a unidade de Deus na trindade. 

No avatar de Críxena, a divindade, sonhou que havia mergulhado no lago sagrado de Madura. E então pronunciou as palavras de purificação: “Água vós sois a vida” e repetiu por três vezes a invocação: Adoração a Vishnu! Adoração a Vishnu! Adoração a Vishnu! Três vezes. O caminho é trinitário; depois de vencer o demônio, Críxena se reunirá a Brama e Siva, no seu primitivo avatar de Vishnu. Os três se abismarão no todo e a Trindade terminará na unidade. 

Nos relatos a respeito de feiticeiros, feitos por intermédio de contos ou canções, aparece o numero três muitas vezes. De acordo com a lenda, a Feiticeira de Berkeley confessou, no seu leito de morte, que tinha vendido a alma ao Diabo alguns anos antes. Daí a procedência de sua incalculável riqueza. Ela suplicou aos amigos que cumprissem certos rituais, a fim de que o demônio não a carregasse. Primeiro, deveriam costurar o seu corpo num grande couro de veado, colocando-o num sarcófago de pedra, lacrado posteriormente com chumbo derretido e amarrado com correntes de ferro. Cinqüenta sacerdotes diriam missa por sua alma e outros cinqüenta, junto ao corpo, recitariam jaculatórias de proteção. Tais ritos durariam três dias e três noites, após os quais ela estaria desligada do pacto. Tudo foi rigorosamente observado. Na primeira e na segunda noites, bandos de demônios invadiam a igreja, nada tendo conseguido. Na terceira noite, entretanto, um horrendo Diabo gigantesco apareceu, com um sopro varreu os sacerdotes, rompeu as correntes, abriu o caixão, tirou dele a velha mulher, e, despedaçando a porta desapareceu com o defunto pela noite escura. 

E eis que o número três aparece triunfante. 

Jesus, o filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade Católica, veio ao mundo para a redenção da humanidade. Veio do Pai e foi assistido pelo Espírito Santo. 

Um dos maiores milagres Dele foi a ressurreição de Lázaro, há três dias sepultado. 

Crucificado e morto, morto e sepultado, diz o credo, Jesus desceu aos infernos e ao terceiro dia subiu aos céus. Restava reedificar o templo do seu próprio corpo, ao terceiro dia. 

Saulo ficou cego. Durante três dias esteve nas trevas, sem comer, só orando. Regenerado em Cristo, tornou-se Paulo. 

Três anos havia ocorrido a pregação de Jesus. Três anos desapareceu Paulo, até voltar para conduzir o cristianismo à unidade, trazendo o conceito de redenção para todos os homens de igualdade entre o povo escolhido e o gentio. 

Como vimos, três é a conta que o Diabo fez. Afinal, o que há com o número três?

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