quarta-feira, 24 de abril de 2013

As pérolas

Ruth Guimarães

As pérolas mais valiosas são pescadas no golfo Pérsico, no Mar Vermelho, no Ceilão, na costa setentrional da Austrália, nas ilhas do Pacífico e também em algumas regiões do Mar das Antilhas. As ostras são retiradas das profundezas do mar por mergulhadores especialmente treinados.

As mais bonitas do mundo procedem do Golfo Pérsico perto das ilhas de Bahrein. Ali, a temporada de pesca começa em meados de março, quando as águas estão mais temperadas, e vai até fins de setembro. No dia em que se inaugura a temporada de pesca, centenas de barcos saem com destino aos bancos de pérolas, levando cada um dez mergulhadores, dez remadores e um timoneiro. Zarpam 70 a 100 embarcações com os tripulantes entoando o antigo canto dos pescadores.

Segundo uma tradição árabe muito antiga, pérolas são gotas de orvalho, cheias de luar, que caem ao mar e são absorvidas pelas ostras. Os japoneses as chamam de lágrimas da lua.

A sua cor é branco-leitoso ou branco-acinzentado. Ainda as há de várias cores: lilás, negra, vermelha, malva, amarela e azul. Existem algumas com matizes variados, combinados, como preto e azul e preto e verde.

As cultivadas são conhecidas há centenas de anos. Velhas crônicas chinesas do século XIII dão notícias delas. O japonês Kokichi Mikimoto, chamado o mago da baía de Ago foi a maior autoridade mundial do seu cultivo.

1500 anos antes de Cristo as naturais já eram conhecidas e procuradas.

A coroa de Carlos Magno e a cruz de Lotário (rei dos Merovíngios) foram as duas primeiras joias em que elas apareceram. Os artistas lombardos introduziram na Gália a arte de trabalhá-las. O enxoval de noiva de Catarina de Médicis era todo ornamentado com pérolas.

No século XVIII o tesouro do rei da França contava com um milhão de pérolas escolhidas.

Cleópatra possuía um manto coberto de pérolas, que a envolvia completamente.

A chamada pérola de Dresde era do tamanho de um ovo de galinha. A de Napoleão III, originária das Antilhas era negra e enorme. A mais perfeita do mundo se chama peregrina e se encontra no Museu Histórico de Moscou, e a maior está no Museu de Vitória e Alberto, em Londres.

E nestes brasis, que histórias nos contam de pérolas?

Nenhuma.

Não temos tradições a respeito de pérolas, de qualquer cor. Tradição emprestada, aqui adaptada e que se tornou nossa, por via das leis do folclore, é que pérola dá um azar imenso. Dá mesmo. Defesa de pobre é renegar o que não pode adquirir. Pérola? O que é isso? Dá um azar danado!

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