Ruth Guimarães
Ultimamente
as estrelas não têm aparecido. Olha-se para o céu, é um negrume, um silêncio,
uma tristeza.
Onde
o Luar do Sertão?
Onde
a doçura de uma claridade morna, extensa, quase luz sobre as nossas amarguras?
Cruzam
os céus os aviões e helicópteros;
Sobem
para lá as fumaças dos incêndios e das chaminés assassinas, e dos escapamentos
irresponsáveis.
Tudo
se mistura em rolos gordos, desmedidos de fumo.
Nada
mais de Luar de sertão e outras bobagens dos poetas.
Onde
estão os poetas de sol e mar, de luares e das estrelas?
Onde
estaria Bilac, estreando em nossos tempos?
O
que seria de Catulo? O poeta, não o filósofo.
Pois
que um acontecimento inquietante nos atinge agora. A juventude prefere a
Ciência, as encantadas elucubrações do amor. Se tais ciências tivessem
acontecido duzentos anos antes, ou até mesmo com um século de adiantamento, não
teríamos tanto clamor e romantismo nem o encanto das paixões, nem toda essa
inefável bobagem do amor.
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