Ruth Guimarães
Foi
quase tão grande quanto o assalto ao trem pagador, perpetrado pelo carpinteiro
Ronald Biggs e outros quinze comparsas britânicos, em 1963. Estou falando do
que uma turma de brasileiros aprontou em Fortaleza, em agosto de 2005. Levaram
tanto dinheiro que o peso chegava a três toneladas e meia! As notas desses R$
164 milhões de reais, enfileiradas, formariam uma tripa de mais de 30 km de
comprimento. Dinheiro que não acabava mais.
Ah!
Mas acaba, sim. Os R$ 220 milhões abiscoitados pela turma inglesa – 2.631.784 libras
esterlinas, até hoje talvez o maior roubo de toda a história -, foram rateados
entre os meliantes e cada um ficou com algo em torno de R$ 15 milhões. Para
Biggs, preso menos de um mês depois, serviu para corromper funcionários do
presídio inglês para que pudesse escapar. O que sobrou serviu também para que
ele vivesse por três anos na Austrália, mais um ano no Panamá e, enfim, para chegar
ao Rio de Janeiro, já de tanga, sem tostão. Voltou ao ofício de carpinteiro.
Estabeleceu-se. Casou-se. Ficou por aqui até 2001. Depois desses 30 anos e dois
derrames, decidiu entregar-se à justiça britânica e foi preso.
Do
roubo de Fortaleza, não se sabe se o dinheiro acabou. Mais de 30 pessoas foram
presas, mas os líderes, os cabeças, esses não foram pegos. Uma artimanha os
ajudou: deixaram pistas que levaram a polícia a encontrar parte do dinheiro,
cerca de R$ 60 milhões. Enquanto os policiais se ocupavam em recuperar esse
dinheiro, os mentores fugiam.
Porque
há criminosos que deixam pistas, uns por excesso de soberba, outros por burrice
mesmo. Pois em Cachoeira Paulista um ladrão, depois de esgueirar-se para dentro
de uma casa e furtar diversos aparelhos, deixou mais do que pistas. Deixou um
bilhete. Assinado.
O
bilhete veio cair nas minhas mãos, mostrado por um dos familiares da casa
assaltada.
João
Geraldo da Silva (ou algo assim, porque já faz algum tempo e minha memória não
é tão boa) escreveu isto, sem tirar nem pôr:
“Eu
não sou ladrão. Afanei umas coisas que estavam aqui dando sopa, com a porta só
encostada, porque estou desempregado e não vou morrer de fome. Volto pra pagar,
quando estiver melhor de vida.
Assinado:
João Geraldo da Silva, vulgo Orelhinha”
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