terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Folclore - lição nº 1

Ruth Guimarães

Dizia Mário de Andrade que muita gente pensa que Folclore é pra gente se divertir. Não é, não. Folclore é ciência séria, o processo mais importante de auto-conhecimento e de determinar as nossas raízes e a nossa vocação como povo. Assim, o que se faz mister, num país da extensão territorial do nosso, e com várias tendências se entrecruzando, e misturas étnicas sobre a base: português, negro africano e ameríndio – a parte mais digamos urgente do folclore, é a coleta. Tudo está por fazer. Os folcloristas afloraram apenas a grande seara, embora tenhamos já inúmeros pesquisadores, da importância de um Luís da Câmara Cascudo, por exemplo.
O Vale conta com Gil Camargo, Paulo de Carvalho, Paulo Florençano, Maria de Lourdes Borges Ribeiro, Conceição Borges Ribeiro de Camargo, Teresa Regina de Camargo Maia e muitos outros. Dizíamos pois que importante é a coleta e que urgente é a coleta. Não vamos pretender conservar o folclore de antanho pois que o Folclore é vivo, muda de região, transforma-se, adapta-se, acultura-se. Bem bom que não se conserve o fato folclórico antigo, o que é indício seguro de que o país se civiliza. Mas o que precisamos é de fazer o registro, cientificamente, para os estudiosos de amanhã. Urge coletar, sabendo como fazê-lo. A primeira lição para o coletador é anotar com o máximo de fidelidade.
Coletador não tem opinião, não comenta, não sugere, não prefere. Ele é feito de olhos e de ouvidos.

Aquele que tem olhos de ver, que veja, e aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça. 

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