Ruth
Guimarães
Dizia
Mário de Andrade que muita gente pensa que Folclore é pra gente se divertir.
Não é, não. Folclore é ciência séria, o processo mais importante de
auto-conhecimento e de determinar as nossas raízes e a nossa vocação como povo.
Assim, o que se faz mister, num país da extensão territorial do nosso, e com
várias tendências se entrecruzando, e misturas étnicas sobre a base: português,
negro africano e ameríndio – a parte mais digamos urgente do folclore, é a
coleta. Tudo está por fazer. Os folcloristas afloraram apenas a grande seara,
embora tenhamos já inúmeros pesquisadores, da importância de um Luís da Câmara
Cascudo, por exemplo.
O
Vale conta com Gil Camargo, Paulo de Carvalho, Paulo Florençano, Maria de
Lourdes Borges Ribeiro, Conceição Borges Ribeiro de Camargo, Teresa Regina de
Camargo Maia e muitos outros. Dizíamos pois que importante é a coleta e que
urgente é a coleta. Não vamos pretender conservar o folclore de antanho pois
que o Folclore é vivo, muda de região, transforma-se, adapta-se, acultura-se.
Bem bom que não se conserve o fato folclórico antigo, o que é indício seguro de
que o país se civiliza. Mas o que precisamos é de fazer o registro,
cientificamente, para os estudiosos de amanhã. Urge coletar, sabendo como
fazê-lo. A primeira lição para o coletador é anotar com o máximo de fidelidade.
Coletador
não tem opinião, não comenta, não sugere, não prefere. Ele é feito de olhos e
de ouvidos.
Aquele
que tem olhos de ver, que veja, e aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça.
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