quarta-feira, 31 de julho de 2013

Tudo a ver

Ruth Guimarães

Quando Ronnie Von me convidou para um papo informal no seu excelente programa, dei tratos à bola para descobrir porque razão tinha sido convidada, uma vez que os meus raquíticos livros não justificariam tal honraria.

Acabei chegando à conclusão de que devia uma ligeira notoriedade aos meus amigos José Luís Pasin e Ocílio Ferraz, secundados por minha amiga Irmã Olga de Sá que me rotularam de “Bruxa do Vale do Paraíba”, apelido emprestado de um artigo de meu filho mais velho, Joaquim Maria, e que até não me ficava de todo mal. Eu acho.

O que eu não esperava, evidentemente, é que fosse interpelada sobre todas as minhas atividades de bruxa. E quando Ronnie, com sua insuperável civilidade (que faz dele um raro gentleman) me indagou sobre meus processos de bruxaria, esqueci-me do que me cumpria dizer, e dei a entender inocentemente que não endosso essas conversas de bruxa. Que sou é contra essas comemorações de dia das bruxas nas escolas, os halloween de nefanda memória, enquanto a gente se esquece que tem os Saci Pererê e outros duendes brasileiros tão bons e tão engraçados quanto.

Realmente. O que fiz para justificar meu título moderno de bruxa do Vale do Paraíba? tão belo e americano, e tão na moda! O que está sendo feito das nossas realidades brasileiras? O que foi feito daquela velhinha boa que frequenta muitas das nossas histórias? Esquecemos de contar histórias de Nossa Senhora, personificada por uma velhinha boa. Mas como diz Autran Dourado, vá que mexer com Nossa Senhora dá castigo. Fiquemos com a bruxa. E que eu seja a bruxa do Vale pelo que me acrescenta de mistério e pelo que me gratifica de encantamento.

Em verdade participar desse programa é um prêmio por que Ronnie é gentleman de um gênero que anda vasqueiro não só nas famílias mas principalmente nos programas, que poderiam ser estupendas aulas de cavalheirismo e de finesse. E Ronnie difunde aqueles altos conceitos em que não acreditamos, que nos trazem o sorriso aos lábios. 

Isso não se usa mais, temos vontade de dizer, ao percebê-los e senti-los esfumarem-se diante de nossos olhos. 

O que está ocorrendo neste mundo? 

O que houve com as nossas crenças? Para onde fugiram o Amor? a Bondade? a Paciência? A Delicadeza? Não se acredita mais e nem se aceitam os grandes valores, tanto os sociais como os familiares. Enquanto nada se modifica para melhor, vamos assistindo o programa do Ronnie Von, que celebra ainda, e que seja por muito tempo, os valores da existência.

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