Osvaldo Luiz - 07/outubro/2008
No lugar de plantas, carros, muitos carros. Ao invés do quintal das fogueiras de Santo Antônio, um elegante colégio paulistano. Mas quem se destaca é a mesma Ruth. Lá, como cá, brilha seu conhecimento, seu bom humor, sua arte.
Verdade que de início a “menina” de 88 anos parecia distante. É como se tivesse que recolher antes pensamentos, lembranças, sonhos e decepções. Seus cabelos grisalhos estavam ali, mas seu olhar…
Aos poucos vai se ambientando e se prevalecendo. E é no discurso de recepção, feito pelo mais antigo acadêmico, que a escritora chega às lágrimas. Suas obras elencadas e a Academia Paulista de letras comparada a um porto. Um porto que esperou 62 anos pela chegada da autora de “Água Funda”. Ruth Guimarães saudada como a “menina grisalha de Cachoeira”.
Todos aguardam suas palavras – quanta coisa por dizer, guardada em “estantes” de anos e anos de espera. Ruth, porém, dedica sua fala aos que a antecederam na cadeira 22. O que, a princípio, frustra, aos poucos vai revelando a grandeza da maior escritora viva do Vale. Ao, bondosamente, falar de seus antecessores, sua estatura é que se desenha tão clara, expondo até faces ocultas, como a de um poema.
Humildemente termina pedindo aos novos colegas orientações de como ser uma paulista imortal e a noite de quinta na capital sorri: estampa no horizonte uma lua colossal e uma estrela cadente risca o céu. Sua presença, dona Ruth, basta. Com sua inteligência, palavras perfeitas e graça. Sua sabedoria “grisalha” encantará a outros, que saberão reconhecer seu ímpeto, sua meninice, sua alma cachoeirense!
Nenhum comentário:
Postar um comentário