quarta-feira, 24 de abril de 2013

Nótulas sobre a Revolução de 32

Ruth Guimarães

Durante a revolução de 1932, chamada Revolução Constitucionalista, desencadeada contra a Ditadura de Getúlio Vargas, os aviões governamentais bombardeavam a cidade frequentemente, na parte da tarde. Havia gente que, calculando a hora, ia se enfiar embaixo da ponte de ferro, que ligava a Margem Direita à Margem Esquerda. Lugar perigoso, tanto que a tal ponte foi bombardeada e destruída pouco tempo depois. Onde é o Parque Ecológico era um brejo na parte mais baixa, e, perto da ponte um campo de guanxima.

Quando aparecia o Vermelhinho da Ditadura jogando bomba, a ordem do comando militar acantonado em Cachoeira Paulista era atirar-se a pessoa no chão, estivesse onde estivesse. O pessoal no momento passava pela rua que vai dar na ponte, atirava-se no campinho, de qualquer jeito. Os que caíam no brejo tomavam grandes banhos de lama, para gáudio da molecada para a qual o bombardeio era uma festa. Salvo seja!

Certo dia, um tal Brás Lescura, coveiro, calhou de estar nas proximidades da ponte por ocasião de um bombardeio, eram bombas que caíam, formando boçorocas no meio da rua. O Brás que casualmente estava ali, em vez de espichar no solo, depressa, para escapar das bombas, permaneceu em pé, olhando interessado para cima, seguindo as evoluções do passarão vermelho, diz-que pilotado pelo futuro brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, futuro candidato à presidência da República.

Um oficial, vendo a atitude negligente do homem e inquieto pelo perigo que corria, berrou:

- Deite, homem! Deite! Você está louco? Quer morrer?

E o Brás, sossegadamente:

- Deitar por quê?! Ué! Não tenho nada com essa briga de vocês aí! Eu sou paisano!...

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