domingo, 28 de abril de 2013

Jovelina

Ruth Guimarães

Muito branca e bonitinha é a casinha / onde jovelina mora 
Que saudade do retiro / quando o trem fazendo giro / vai a caminho de Juiz de Fora 
Quantos ais minha alma solta / quando o trem fazendo a volta / me separa de Retiro 
E transpondo a serrania / faz crescer minha agonia / alongando meus suspiros 

Se és santa de retiro meu amor / qualquer dia deixo o trem 
E sem que ninguém me veja / baterei na sua igreja / para te adorar também 

Da casinha lá do alto é quase um salto / de onde sempre eu vou parar 
Quanta vez ardendo em febre / peço a Deus que o trem se quebre 
Para sempre ali ficar / toda coberta de zinco / mesmo assim parece um brinco 
Quem me dera ali morar / que o prazer de um lindo sonho / dá-lhe a cor de um céu de outono 
Em telhado de luar 

Vou mudar minha casinha meu amor / para as plagas federais 
Lá serás a flor primeira / e o teu ninho em Madureira / será feita entre rosais 

Meu amor fecha a casinha e vem sozinha / vem comigo passear / vamos juntos para o rio 
Repousar num doce estio / de uma tarde a beira mar 
Jovelina vem ligeira / que o trem é de carreira / sem rumor nem escarcéu 
Que o bondoso maquinista / perderá tudo de vista / para nos levar ao céu

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