Ruth Guimarães
Muito branca e bonitinha é a casinha / onde jovelina mora
Que saudade do retiro / quando o trem fazendo giro / vai a caminho de Juiz de Fora
Quantos ais minha alma solta / quando o trem fazendo a volta / me separa de Retiro
E transpondo a serrania / faz crescer minha agonia / alongando meus suspiros
Se és santa de retiro meu amor / qualquer dia deixo o trem
E sem que ninguém me veja / baterei na sua igreja / para te adorar também
Da casinha lá do alto é quase um salto / de onde sempre eu vou parar
Quanta vez ardendo em febre / peço a Deus que o trem se quebre
Para sempre ali ficar / toda coberta de zinco / mesmo assim parece um brinco
Quem me dera ali morar / que o prazer de um lindo sonho / dá-lhe a cor de um céu de outono
Em telhado de luar
Vou mudar minha casinha meu amor / para as plagas federais
Lá serás a flor primeira / e o teu ninho em Madureira / será feita entre rosais
Meu amor fecha a casinha e vem sozinha / vem comigo passear / vamos juntos para o rio
Repousar num doce estio / de uma tarde a beira mar
Jovelina vem ligeira / que o trem é de carreira / sem rumor nem escarcéu
Que o bondoso maquinista / perderá tudo de vista / para nos levar ao céu
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