Ruth Guimarães
Na tradição oral brasileira, conforme coleta feita nos arredores de Bragança Paulista, o casamento está sob a influência de 9 demônios. Os recém-casados não devem brigar, para não os atrair. Quando duas pessoas se casam, logo que saem da igreja, são seguidas por 9 demônios, cujo fim especial é tentar o casal. Se o casal não brigar nos 3 primeiros dias, dos nove demônios vão embora 6 e ficam 3. Se brigam, vão embora 3 e ficam 6. E se o casal brigar no primeiro dia, então ficam todos os nove. Os casadinhos nunca mais têm sossego. Durante as horas em que estão longe um do outro, os demônios também se dividem. Quando estão juntos, os 9 demônios ficam dançando em torno deles. Se o marido der um beliscãozinho na mulher, todos os demônios ajudam a beliscar. Ela recebe nada menos que dez beliscões num só, e o barulho está formado. Quando o marido sai, é seguido por 3 demônios. 3 ficam fazendo companhia à mulher. Dos 3 restantes, um tenta a vizinha da esquerda, outro a da direita e o terceiro a da frente. Assim nascem os mexericos. A mulher, vigiada pelos 3 lados, aproveita os fundos da casa, para trair o marido. Quando isso acontece, os demônios brincam de roda. Os demônios que seguem o marido, arranjam-lhe mulheres bonitas. Se há separação, um demônio toma conta dos filhos, outro segue o marido e os outros 7 seguem a mulher. É por isso que a mulher separada do marido anda pintando o sete. Quando um dos dois morre, os demônios se juntam novamente e ficam na porta da igreja, esperando outro casal.
No nono céu existe um pequeno ponto de luz, rodeado de 9 círculos. Os nove círculos compõem-se de três hierarquias de seres celestiais. Os três círculos interiores formam a 1ª hierarquia e são os Serafins, os Querubins, os Tronos. A 2ª compreende os círculos seguintes, habitados pelas Dominações, Virtudes e Potestades. Por último, os três círculos exteriores pertencem aos Principados, Arcanjos e Anjos.
Na Mitologia Grega eram nove as musas. Havia nove mundos, na Mitologia Nórdica. Nove são os dias de encantamento nas estórias maravilhosas. Na geofísica, nove são os planetas: Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Na vida, são nove os meses da gravidez. Nove vidas diz-se que tem o gato. Nove rabos tinha o chicote antigo, para os suplícios. Modernamente, ainda se prende à magia do nove: nove são os jogadores de beisebol. São nove os juízes da corte suprema americana.
Acredita-se que as ondas sobem firmemente, aumentando a intensidade, até a nona vaga, quando começam a recuar.
Novembro, o nono mês do ano romano primitivo, devendo seu nome ao nº 9, era conhecido pelos saxões como Blot-monat, ou mês de sangue, por ser a época em que se matavam muitas ovelhas, para alimento e sacrifícios. Era considerado bom mês.
Nem Maomé escapou à magia do nove. Certa vez um judeu o embruxou, dando 9 nós numa corda que, depois, escondeu num poço. O profeta caiu enfermo e ninguém poderia saber o que acontecera, se o arcanjo Gabriel não revelasse ao Santo a razão do seu mal e o lugar onde estava escondida a corda com os 9 nós. O profeta recitou o esconjuro sobre os nós e ficou curado.
E desta vez, 3+3+3 foi conta que o Diabo fez.
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