sábado, 18 de abril de 2020

Em silêncio...


Em silêncio
A multidão dos mortos ronda em torno do mundo.

Aumenta em cada geração
A herança
Do ódio.

No ritmo dos pés defuntos
Que vão sem rumor
Vejo o esfacelamento fantástico
De todos os destinos.

Milhões de milhões de mortos caminhando...

Para onde?
Para onde?
Para onde?

No fundo,
Há tanto espanto,
Insuspeitadas forças;
Reservas enormíssimas de pranto;
Explosões mal contidas;
Sonhos tontos;
E a Legião meio extinta dos defuntos;
Que, em momentos de compreensão,
Evito olhar o abismo.



Ruth Guimarães

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