Em silêncio
A multidão dos mortos ronda em
torno do mundo.
Aumenta em cada geração
A herança
Do ódio.
No ritmo dos pés defuntos
Que vão sem rumor
Vejo o esfacelamento fantástico
De todos os destinos.
Milhões de milhões de mortos
caminhando...
Para onde?
Para onde?
Para onde?
No fundo,
Há tanto espanto,
Insuspeitadas forças;
Reservas enormíssimas de pranto;
Explosões mal contidas;
Sonhos tontos;
E a Legião meio extinta dos
defuntos;
Que, em momentos de compreensão,
Evito olhar o abismo.
Ruth Guimarães
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