Botelho Netto
No começo da Transpantaneira,
Logo se vai de Paconé.
À margem da estrada vermelha, poeirenta,
O Tuiuiú faz seu ninho.
Na velha árvore quase despida de folhas
O pássaro. O ninho. A árvore.
A árvore meio nua, o pássaro só bico, o ninho só graveto
Nada comove o trio, o tríduo, a trindade.
O homem se agita com seu binóculo,
A “basuka” fotográfica, o caro carro caro.
Exclama, grita, buzina,
Deseja uma exibição aeróbica
Para repetir no papel brilhoso
No mais Kodak das matizes.
E tem que se conformar com a pose extática
E indiferente,
De árvore, pássaro e ninho.
Eles têm um sentido,
Uma unidade e uma continuidade.
Do seu mundo, nada os perturba, nem os comove.
A árvore cresce simplesmente.
E doa o galho melhor e os gravetos mais rijos
Para o ninho.
O ninho agasalha o pássaro.
O pássaro, o pássaro...
O pássaro palpita de pássaros, os ninhos e as árvores
O mundo dele, do rei, do tuiuiú para os olhos do homem.
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